O nosso roteiro…de carro pelos Lagos Andinos: viagem da família Waldemarin Dias – Parte 1 (Chile)
“Conhecer a região dos Lagos Andinos Chilenos era uma grande vontade minha. Já tinha lido sobre o destino e a beleza das paisagens do Cruce Andino. Mas eu acreditava que ele não combinava com crianças. Eis que descobri o grupo Viagens em Família no Facebook, e acabei chegando aos posts do Blog Chile para Crianças, da Cinthia Marino, onde ela contava da viagem da família pela região dos Lagos Andinos Chilenos. Pronto! Isso foi o suficiente pra acender em mim novamente a vontade de conhecer a região. Comecei a pesquisar e decidi incluir na viagem a Argentina, para conhecermos os Lagos Andinos dos dois lados: Chile e Argentina. Neste post, vou contar a primeira parte da viagem, no Chile.
PREPARATIVOS
Tendo em vista o tempo disponível para a viagem (20-25 dias), o tamanho e a composição da família (5 pessoas, 2 adultos e trigêmeos de 5 anos), decidimos fechar os voos até Santiago e alugar um carro lá e percorrer todo o nosso roteiro de carro.
O roteiro completo ficou assim: 22 dias, de fevereiro a março 2015 e foi montado considerando duas premissas:
– fazer, no máximo, 450km por dia para minimizar o cansaço das crianças,
– minimizar o “pinga-pinga” em várias cidades, para evitar fazer e desfazer malas.
Decidimos então ficar em quatro cidades: Pucon e Puerto Varas no Chile e San Martin de Los Andes e Bariloche na Argentina, que foram nossas bases para conhecer o que queríamos. Valdivia e Bulnes entraram estrategicamente no roteiro para pernoites nos trajetos maiores e Santiago por ser nossa cidade de “entrada e saida” da roadtrip.
Vôo: pegamos as passagens com milhagem da Gol: Rio-Santiago-Rio com conexão em Guarulhos tanto na ida quanto na volta. Importante ressaltar que na volta a imigração e alfândega são feitas em São Paulo, então temos que pegar as malas, fazer alfândega e despachar as malas novamente.
Hospedagens: uma das dificuldades, tanto no Chile quanto na Argentina, foi encontrar hospedagens para 2 adultos e 3 crianças. Busquei no Booking, no TripAdvisor, em sites de busca na internet, mandei muitos emails, até conseguir fechar hospedagens que nos atendessem, tanto no número de pessoas quanto no orçamento. Quem tem família grande não deve se contentar com o resultado das pesquisas. Faça simulações mudando o número de hóspedes, entre em contato diretamente com o estabelecimento para tirar dúvidas, mande emails…Em alguns casos, as pousadas tinham quartos conjugados para famílias, mas não apareciam no Booking; em outros, o estabelecimento não tinha mais disponibilidade nos sites de reserva, apesar de terem vaga. Paciência, perseverança e criatividade! 😉
Aluguel do carro: alugamos o carro na Chilean Rent A Car. A empresa é bem indicada em comentários de vários blogs e fóruns e no site da empresa tem todas as informações necessárias. Além disso, é possível fazer a cotação completa no site, incluindo preço de cadeirinha, permissão para ir até a Argentina, seguros extras opcionais, etc. Isso facilitou muito! E ainda foi o melhor preço que achei. De forma geral a experiência com eles foi muito boa. Durante a reserva enviei vários emails pedindo informações e sempre foram muito atenciosos nas respostas. O carro estava em boas condições e não tivemos nenhum problema na entrega. Optamos por um Suzuki Grand Nomad devido ao espaço interno, pois precisávamos de 3 cadeirinhas e malas de 5 pessoas. Esse carro é 4×4, o que acabou sendo ótimo em alguns trechos de rípio e com muitas curvas e precipícios, o que deu mais estabilidade e segurança.
Quanto à permissão para ir para a Argentina, passei todos os documentos para a locadora por email e eles me entregaram um envelope com todos os documentos para apresentar nas Aduanas (saída do Chile – entrada na Argentina e saída da Argentina- entrada no Chile) e deu tudo certo. Nas aduanas carimbaram o documento e tive que entregar na locadora quando devolvi o carro.
Um ponto importante é que para ir até a Argentina a garantia que eles cobram (deixam presa no cartão) é maior, e tem um seguro específico que eles cobram também. Mas no site da locadora tem tudo explicado.
ROTEIRO DETALHADO:
Dia 01 – SANTIAGO: vôo Rio-Santiago. Retirada do carro no aeroporto.
Check-in no Hotel Time Suite, em Las Condes
Dia 02 – SANTIAGO.
Fomos ao Centro de metro. Visitamos o Centro Cultural La Moneda, a Plaza de Armas, a Catedral e o Mercado Municipal. À noite jantamos no Restaurante Ocean Pacific.
Dia 03 – SANTIAGO
Fomos para o Cerro San Cristobal.
Fomos primeiro ao Zôo e depois subimos até o topo do Cerro. É importante explicar no guichê quando for comprar os tickets que vai parar no zôo e depois subir, porque o preço é diferente de só subir e descer o Cerro. Outro ponto importante é que o funicular não para na estação do zoo na descida, então para ir e voltar de funicular tem que ir primeiro ao zoo e só depois subir ao topo do Cerro.
O passeio de funicular já é um prato cheio para as crianças! Os meus adoraram!
O zoo é bem íngreme, cheio de subidas e descidas. Tem banheiros e lanchonetes. Os recintos dos animais são bons e os animais parecem bem cuidados. Ele é bem sinalizado e tem alguns brinquedos para as crianças. Tinha também uma área interativa perto dos chimpanzés onde as crianças podem comparar as mãos e pés deles com pegadas de várias espécies de macacos. Meus filhos adoraram.
Dois pontos importantes:
1. Se estiver sol, boné, protetor solar e muita água são itens importantes.
2. Os caminhos tem muitas subidas e descidas, nos trechos mais íngremes é importante ficar atento e dar a mão para as crianças menores.
De lá subimos para o topo do Cerro com o funicular e depois subindo escadarias. De carrinho é complicado ir até o topo. É bom comprar água logo na saída do funicular porque lá em cima (perto da imagem da Santa) não tem. A vista da cidade lá de cima é bem bonita!
Na descida, fomos “almojantar” no Patio Bellavista, ali perto. Escolhemos o Backstage e gostamos bastante.
Dia 04 – SANTIAGO – BULNES: 445Km (ver roteiro)
Fomos até Bulnes pela Ruta 5, com parada para tour e almoço na Viña Viu Manent, em San Fernando.
A estrada é muito boa, com limite de 120km/h na maior parte e é bem sinalizada. Tem muitos pedágios e muitos postos de combustíveis. Os postos da COPEC são ótimos para parar: tem loja de conveniência, lanchonete, banheiros limpos sendo que na maioria deles tinha trocador e banheiro família com sanitário infantil.
Chegamos na Viña Viu Manent a tempo de pegarmos o tour de 12h, que já tínhamos reservado por e-mail. Fizemos o tour de charrete, que foi ótimo porque as crianças se divertiram! Depois eu fiz a degustação e achei super organizada. O passeio foi incrível: o guia foi atencioso e o lugar é lindo com jardins bonitos e móveis elegantes.
Tem um restaurante com mesas externas embaixo de parreiras…um charme! Tudo super agradável, ótimo atendimento e comida muito boa (a reserva no restaurante foi feita antecipadamente por e-mail).
Achei uma forma maravilhosa de dar uma pausa na nossa roadtrip e visitar uma vinícola de uma forma agradável para toda a família. Foi perfeito, aprovado por todos!
Saímos da Viu Manent e seguimos até a Viña Chillan, em Bulnes, onde passamos a noite.
Dia 05 – BULNES – PUCON: 360km direto (ver trajeto) parando apenas para relaxar e comer nos postos COPEC do caminho.
Chegamos em Pucon no meio da tarde e após o check-in no Hostal Muller fizemos um passeio pela cidade: vimos o pôr do sol na Playa do Lago Villarica (era 21h e a praia ainda estava cheia, pois o sol se põe bem tarde e era período de férias), andamos pela rua Fresia onde tem vários restaurantes e feirinhas de artesanatos e jantamos no restaurante Fiorentini. Infelizmente a Plaza de Armas estava em reforma, cheia de tapumes.
Quando chegamos, a cidade estava com alerta amarelo, pois o Vulcão Villarica estava com um certo nível de atividade desde o dia 09/02. Na madrugada do dia 02/03, 08 dias após irmos embora de Pucon ele entrou em erupção! 😮
Dia 06 – PUCON
Seguimos em direção ao Lago Caburga e paramos nos Ojos de Caburga, que é um complexo de cachoeiras com água bem azul. Fica em uma propriedade particular e tem que pagar para entrar. Infelizmente o horário não favoreceu as fotos, mas em algumas dá pra ter uma noção da cor da água.
Parte da trilha é muito boa, com escadas e cercas de proteção de madeira, o que dá segurança com as crianças. O chato é que não tem nenhuma placa nem ninguém orientando os caminhos…Vimos trilhas do outro lado do rio, com acesso a uma ponte por cima de uma cachoeira, mas não soubemos chegar até lá.
O local estava bem cheio. Perto do estacionamento tem mesas para piquenique, com estrutura para fazer parillada/churrasco.
De lá fomos para o Lago Caburga. Demos uma olhada na Playa Negra e seguimos até a Playa Blanca (tinha lido que ela era menos lotada).
A Playa Blanca, como o nome diz, tem areia mais branca do que as outras praias por ali. Chegando na praia, nos ofereceram aluguel de guarda-sol e cadeiras.
As crianças brincaram um pouco na água, mas ela é bem gelada e logo, logo saíram ficamos só relaxando e admirando a paisagem.
Depois, fomos almoçar em um restaurante na estrada entre a Playa Negra e a Playa Blanca com uma varanda interessante, mas não sei se foi a época, estava cheio de abelhas nativas que, aliás, estiveram presentes em todos os nossos passeios pelos lagos andinos.
Depois seguimos para o Parque Nacional Huerquehue. São 14km de estrada de rípio (um tipo de cascalho vulcânico bem preto e que fazia muita poeira, devido à seca). A estrada é boa, mas tem bastante curvas e subidas. Com chuva deve ser meio complicado de trafegar. Nessa época de verão o parque fica aberto até as 20h! Na guarita onde vendem os tickets, me indicaram uma trilha simples para fazer com crianças: o Sendero Auto Guiado Ñirrico. Entramos no Parque com o carro, estacionamos perto de um Centro de Visitantes (onde tem banheiros) e já tinha uma placa indicando a trilha.
Realmente ela é bem tranquila, desce até a beira do Lago Tinquilque, é de concreto e pode ser utilizada tanto por cadeirantes quanto com carrinho de bebê.
Tem locais com mesas para piquenique, bancos, trechos para sentar e contemplar o lago. Muito agradável e com paisagens lindas!
A trilha tem placas explicativas com informações sobre fauna e flora local. Várias famílias estavam aproveitando o lago, nadando, acampando (é muito comum eles acamparem nessa época)…Caminhamos e exploramos um pouco mais por umas trilhas de terra que beiram o lago.
Voltamos para Pucon e comemos um lanche e um Kuchen (torta) delicioso na Kuchenladen. Adorei o lugar!
Dia 07 – VULCÃO VILLARICA: acordamos com um dia bem nublado e ficamos frustrados porque o plano nesse dia era ir até a base do Vulcão Villarica. Como falei antes, a cidade estava com alerta amarelo em função da atividade aumentada do vulcão, e por isso, não estava permitido fazer a escalada até a cratera do vulcão. Não tínhamos a intenção de escalar, mas queríamos ir até a base e ver ele de perto. Apesar do alerta amarelo, o acesso até a base estava liberado.
O vulcão Villarica fica no Parque Nacional Villarica e parte do caminho é de ripio em bom estado. Na entrada do Parque tem uma guarita onde é feito o pagamento do ingresso. A estrada vai até a estação de esqui onde tem estacionamento, lanchonete, banheiros e teleféricos para as pistas de esqui no inverno e para levar as pessoas que vão escalar. Como nada disso estava funcionando nessa época, o teleférico estava parado.
O tempo estava muito fechado e foi uma pena: não dava pra ver o topo do vulcão 🙁 Aqui nossa primeira “lição” na viagem, e uma dica importante para quem vai a Pucon: vá até a base do Villarica no primeiro dia que estiver aberto, para garantir! Nós deveríamos ter ido na véspera, que o tempo estava melhor. Como o dia estava realmente feio, tiramos algumas fotos e descemos…frustrados 🙁
De lá seguimos até Licán Ray que é uma cidadezinha na beira do Lago Calafquen, a 50km de Pucon. Tinha lido que era simpática mas não achamos nada demais. Almoçamos por lá, demos uma olhada no lago e voltamos para Pucon. A ideia inicial era irmos à uma das termas da cidade mas chegamos tarde, o tempo estava fechado e não quisemos dar choque térmico nas crianças. Fomos então até o Monastério Santa Clara que tem uma capela bonitinha e um mirante com uma vista bonita da cidade e do Lago Villarica. Jantamos perto do hotel e preparamos as coisas para pegar a estrada para a Argentina. Se soubesse, teria tirado Licán Ray do roteiro e teríamos aproveitado a tarde em uma das termas ou dado mais uma volta pela cidade, pelo calçadão em La Poza, ou andado de charrete com as crianças pela cidade. Sinceramente, ficamos com um gostinho de quero mais…motivo pra voltar à Pucon um dia! 😉
Dia 08 – PUCON – SAN MARTIN DE LOS ANDES: (ver roteiro) via Paso Mamuil Malal. A estrada é de mão dupla mas é bem sinalizada e de boa qualidade. Um trecho na divisa é de rípio, mas de boa qualidade.
A uns 60km de Pucon paramos em Curarrehue para conhecer o Centro Cultural Aldea Intercultural Trawupeyüm, que é um centro cultural Mapuche. Tiramos umas fotos e seguimos viagem. Lá tem banheiros, lanchonete e umas banquinhas de artesanato Mapuche.
As paisagens nessa estrada são incríveis! Saindo de Pucon é possível seguir vendo o Vulcão Villarica na estrada por um bom trecho, e depois começa a vista do Vulcão Lanin, que fica na fronteira entre Chile e Argentina e é simplesmente lindo! Muito imponente!
Nesse trecho do Chile também passamos pelo Lago Quillehue, que tem as águas com uma cor incrível!
Nesse trecho do Chile a estrada vai serpenteando pelo Bosque, e é super bonita! A partir da fronteira da Argentina a paisagem muda e fica mais seca É muito interessante ver essas mudanças e mostrar para as crianças! O Francisco perguntou por que tinha árvores de um lado da estrada e do outro não e se tinham cortado. Aproveitei para explicar para ele o efeito da água e do solo nas plantas. Nesse trecho da Argentina tem muitas Araucárias também. Algumas enormes! E algumas bem no meio da estrada! Nesse trecho a gente passa bem perto do Lanin também e dá para ter uma ideia da dimensão dele. Lindo!
Daí pra frente, até San Martin, a paisagem é mais árida, com vegetação rasteira e muitas formações rochosas incríveis!
E assim chegamos em San Martin de los Andes no meio da tarde. No próximo post, continuo com as nossas aventuras pela Argentina! 😉
Leia também:
O nosso roteiro…de carro pelos Lagos Andinos – parte 2 (Argentina)
O nosso roteiro no…Chile e Argentina: Santiago, Mendoza, Bariloche e Pucon.
Santiago com crianças
No Blog Chile para Crianças: Roteiro de viagem ao Sul Chileno
Um sonho de Pousada em Pucon
Pucon: os parques e a cidade
Explorando Pucon
No Blog Viajando com as Crianças: No Chile, no verão e com as crianças.
No Blog da Família Muller: Pucon, Chile
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Publicado por » Sut-Mie Guibert
Sut-Mie Guibert, Family Travel Blogger, Blogueira especializada em Viagens com crianças e em família. Francesa, formada em Comunicação e Mídias Digitais e mãe de duas meninas de 11 e 8 anos, ama levar as crianças para conhecer o mundo! E também adora falar sobre o assunto com outras famílias viajantes, sempre muito bem-vindas por aqui!
Uma delícia acompanhar a viagem com seus pimpolhos. Coincidentemente estivemos na região dos lagos e vulcões, no sul do Chile, na mesma época que vocês. Suas fotos estão lindas, principalmente as enfeitadas com as crianças!
Beijos, Adriana
Obrigada Adriana! 🙂
Que viagem deliciosa!! Estamos programando a nossa ida ao Chile e o post ajudou bastante! Obrigada Helen por compartilhar e Sut por postar.
Bjs, 4 Ases
Que bom Ana! Fico muito feliz em retribuir a ajuda que todos vocês, blogueiros de viagens em familia dão pra nós! ???
Nossa, faz tempo que estou planejando essa viagem, me parece um pouco cansativo para minha filha de 7 anos, porém acho que vale muito a pena.
Olá! Muito obrigada por compartilhar conosco essa aventura em família! Estou amando e usando suas dicas pra planejar minha viagem. Vou com meu marido e nosso filho de 1 ano e 8 meses. Minha maior dúvida é sobre cruzar a fronteira do Chile com Argentina.
No nosso roteiro faremos isso ne Puerto Varas para Bariloche.
Você pode contar como foi sua experiência? Obrigada!