Ficou fácil viajar com crianças!
 -  Atualizado em 16/08/2019

O nosso roteiro em família em…Cuba: 18 dias de carro descobrindo a ilha caribenha

 Convidada Especial | Mirtes Aquino

Continuando o nosso relato sobre nossa viagem a Cuba (ver aqui o primeiro post com dicas gerais sobre a ilha), seguem as informações sobre o nosso roteiro e as dicas e atrações em cada lugar que passamos.

Sobre o nosso roteiro de 18 dias:

Além dos dias na capital Havana, rodamos 2.500 km por 12 das 15 províncias de Cuba. Assim, seguem resumos de cada um dos destinos que fomos, em ordem cronológica.

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HAVANA

Começamos com 5 dias em Havana, e acho que este é um bom jeito de começar uma viagem a Cuba. Havana é uma cidade cheia de extremos, cheia de coisas a observar, e creio que 3 dias é o mínimo para ser apresentado a ela. Basicamente o circuito turístico se concentra em três bairros: Vedado, Centro Havana e Havana Vieja, estando os três ao longo do malecón havanero (orla). Para quem gosta de conhecer cidades a pé é um prato cheio, porque muita coisa fica próxima, no verão o sol se põe por volta das 20:30h e caminhar no malecón, principalmente no pôr do sol, é um desbunde. Não imagino melhor forma de conhecer a cidade senão caminhando e observando o vai e vem das pessoas, o movimento nas praças, os prédios, os carros da década de 50. E se o sol estiver castigando demais e a canseira bater, há sempre a opção de pegar um bicitáxi.
havana-vista-do-castillo-del-morrohavana-bicitaxiMas no primeiro dia optamos por pegar o ônibus turístico – double decker – de onde pudemos ter uma noção geral da cidade e da localização das principais atrações. Dá pra descer, visitar atrações, e esperar no ponto o próximo. Foi legal para visitarmos do alto do ônibus regiões que não nos interessavam tanto e que não pretendíamos tirar um tempo para visitar, como a região de Miramar, onde fica algumas praias bastante frequentadas, grandes hotéis e o Acuario Nacional de Cuba.

Considero imperdível tirar um dia inteiro para rodar Havana Vieja, que é linda e tem um agito próprio – a calle Obispo (uma rua de pedestres cheia de restaurantes, livrarias, sebos de livros e discos, lojas de souvenirs, e turistas e locais passeando para lá e para cá), a Plaza de La Catedral, a Plaza Vieja (com restaurantes, cafés e salsa ao vivo), a Plaza de Armas, com suas maravilhosas banquinhas onde se vende antiguidades de todo tipo: livros, discos, cartazes de filmes cubanos (com impressão nova) e objetos em geral. O Museu de La Revolucion não fica distante, mas merece ser visto com calma e ficaria muito pesado misturar tudo no mesmo dia – quando for ao museu, aproveite e caminhe pela região do Capitólio (que está fechado para reforma e fica nas redondezas).

havana-la-catedralhavana-vieja-salsaDo outro lado da baía de Havana fica o Castillo de los Tres Reyes del Morro e a Fortaleza de San Carlos de La Cabaña – nós acabamos optando por visitar apenas o primeiro, mas é no segundo que acontece diariamente, ao pôr do sol, o famoso canhonaço – cerimônia militar que acontece às 21h, com tiro de canhão (que a maioria dos cubanos não recomenda…). O Castillo é muito interessante, tem uma vista linda da baía, e conta muito da história da Cuba colônia. De lá, ao invés de seguir para o outro forte, preferimos ir ao morro onde fica a estátua do Cristo de Havana (que estava sendo restaurada) e à casa de Che, onde funciona um museu sobre seu tempo na ilha, e então cruzamos a baia de Havana de ferry boat.

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PLAYA LARGA

Playa Larga foi nossa primeira parada na roadtrip por Cuba. Como não saímos muito cedo e nos perdemos na saída de Havana, chegamos tarde à província de Matanza, mas por sorte conseguimos visitar um dos lugares que eu mais desejava conhecer na ilha: a Ciénaga de Zapata (Península de Zapata). É nela que fica a Laguna del Tesoro, que tem uma ilha com uma simulação de uma tribo dos indígenas cubanos.

cienaga-de-zapata-laguna-del-tesorocienaga-de-zapata-aldeia-tayna-2O lugar é lindo e a quantidade de pássaros é impressionante. Fizemos o passeio em um barco voadora, e cruzamos com enormes jacarés no caminho. Aliás, ao lado do atracadouro dos barcos fica o Criadero de Cocodrilos, onde dá para ver e até alimentar uma quantidade enorme dos bichões, além dos bichinhos, no berçário.

cienaga-de-zapata-criadero-de-cocodriloDormimos em Playa Larga, numa casa a poucos passos do mar. De lá visitamos de carro a Playa Girón, onde aconteceu a famosa batalha da Baía dos Porcos, entre Cuba e EUA. Lá há um museu bem interessante com toda a história da batalha.

playa-largaplaya-largaFomos a várias praias lindas, é só ir dirigindo ao longo da estrada e parar na entrada que lhe parecer mais aprazível. Um destaque importante é a Cueva de los Peces, um poço formado a uns 50 metros do mar e formado por uma falha tectônica. Pois é, a água é salgada, e tem 70m de profundidade. A praia da frente da Cueva é linda e abundante em vida marinha, rendeu um dos melhores snorkeling da viagem.

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CIENFUEGOS

Fizemos apenas uma parada de algumas horas em Cienfuegos, mas valeu a pena. A cidade é pequena e agradável, e pudemos percorrê-la a pé, desde a praça principal (Parque José Martí – a praça com o maior número de cadeiras metálicas que já vi), a rua de pedestres cheia de lojinhas com artesanato, o agradável boulevard de Cienfuegos com a estátua de seu personagem mais famoso – o cantor Benny More, e o malecón (orla).

TRINIDAD

Trinidad foi uma das cidades que mais me impressionaram em Cuba. A cidade que completou 500 anos em 2014 é linda, e respira história por todos os lados. Você vai andando e se encantando a cada esquina, com o colorido das casas, a beleza das praças (a Plaza Mayor é linda), o recorte das pesadas portas de madeira, as ladeiras e ruas de calçamento de pedra, o povo indo e vindo.

trinidad-entrada-da-cidadetrinidad-prac%cc%a7a2Chegamos num domingo à tarde e a cidade fervilhava com seu último dia de carnaval (em Cuba, a festa do carnaval não tem relação religiosa, e por isso funciona em datas diferentes em cada cidade, como as nossas micaretas), e até um mini trio-elétrico tinha.

trinidad-carnavalMas em qualquer época, imperdível mesmo é sair andando pelas ruas até chegar a Escadaria da Casa de la Musica, sentar, tomar um mojito ou um bucanero (ótima cerveja cubana) ouvindo salsa. Se pegar o por do sol o programa fica perfeito!

Outro programa que recomendo aos mais aventureiros é a trilha ao Cerro de la Vigia, que leva ao topo do morro onde há uma antena de rádio transmissão. São cerca de 30 minutos de uma subida não muito íngreme, e no topo a recompensa é uma vista linda da cidade à frente, do Valle de los Ingenios ao fundo, e do mar caribenho no horizonte.

Meu único alerta é preferir o final de tarde, para pegar temperaturas mais amenas, mas ainda luz solar – no verão o sol só se punha depois das 20:30h.

Mas Trinidad também tem praias lindas, e sem dúvida as melhores ficam na Península de Ancón, a 10 km do centro da cidade. Percorrer a península, que no seu extremo tem um píer, já garante lindos visuais, mas é o banho no mar quente e transparente que vale a viagem. Paramos em algumas praias, mas sem dúvidas a melhor foi na do Hotel Brisas, o maior que vimos na península. A maré estava baixa e passamos algumas horas deliciosas observado os bichinhos marinhos na grande barreira de corais que tem exatamente em frente ao hotel.

trinidad-playa-anconMinha última dica de Trinidad é imperdível: Torre Iznaga, no Valle de los Ingenios. Saíamos de Trinidad com destino a Santa Clara, e entramos meio no instinto no vilarejo onde fica a torre, pois vimos movimentação de carros. Há um estacionamento logo na entrada, e depois o caminho é a pé – caminho de pedras, tomado de um lado e outro por barraquinhas com produtos de artesanato, a grande maioria de bordados. E as bordadeiras ficam, sozinhas ou em grupo, bordando ali mesmo. Não sei se o lugar é mesmo encantador ou eu que sou muito boba, mas me marcou demais.

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SANTA CLARA

Nossa passagem por Santa Clara foi breve, mas intensa! É lá que fica o Mausoléu de Che Guevara e o famoso Monumento do Trem Blindado – que foi descarrilhado na revolução e ganhou papel decisivo na mesma. Bom, mas o fato é que tirando esses dois pontos turísticos, não há muito mesmo o que ver na cidade.

O Mausoléu é bem concorrido, e tivemos sorte de chegar quando ele estava praticamente vazio, facilitando as tradicionais fotos com a estátua de Che – logo depois chegaram dois ônibus cheios de turistas. O acesso ao túmulo de Che é pelo fundo do monumento, e nele não se pode entrar com bolsas ou máquinas fotográficas. Ao lado funciona um museu bem interessante sobre a vida de Che, desde a infância na Argentina até sua morte na Bolívia.

Monumento do Trem Blindado fica na saída da cidade, e embora tivesse lido que os vagões podem ser visitados e contam a história do seu ataque, estavam fechados.

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REMÉDIOS

Remédios me pareceu uma pequena Trinidad, tão linda e antiga quanto a outra, mas com a vantagem de ser menor e menos turística, e portanto mais tranquila. Também é uma cidade para se conhecer caminhando calmamente, e parar para um mojito no Café El Louvre, na Plaza Martín, que se gaba de ter duas igrejas. A praça é mesmo linda, e além das igrejas e cafés, tem a Casa de la Cultura, onde assistimos um ensaio de balé.

remedios-prac%cc%a7a1remedios-prac%cc%a7a-2Letícia, de 8 anos, adorou Remédios por dois motivos: logo na entrada da cidade, perto da casa onde ficamos, há um parquinho público enorme, com brinquedos, árvores e muito espaço. Ali ela brincou por horas em um final de tarde, fez amigos e só saiu na hora de fechar. O outro motivo é que em Remédios nós a deixamos livre para fazer pequenas saídas sozinha, como ir à feirinha enquanto usávamos a internet no saguão de um hotel.

Cuba é toda muito segura, e chamou sua atenção que crianças da sua idade andam sozinhas pelas ruas, mesmo em cidades grandes como Havana. Nunca a deixamos sozinha em uma cidade desconhecida, mas Remédios é tão pequena e tranquila que permitimos pequenas saidinhas, e ela adorou.

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CAYO SANTA MARIA

Remédios é ainda a porta de entrada para o Cayo Santa Maria, uma ilhota linda, acessível da ilha principal por um pedraplan. Já falei dos pedraplans aqui, no item transportes, e é mesmo algo que merece ser destacado, pois a sensação de rodar numa estrada sobre o mar é mesmo inusitada. Logo no início há uma guarita de controle onde é cobrado uma espécie de pedágio, mas parece mais um posto aduaneiro: tem que parar, descer do carro e apresentar os documentos do motorista e do veículo, além de pagar a taxa de 2 CUC por carro – só o motorista precisa descer. Feito isso, é só seguir estrada e escolher a praia que quer parar.

Nos Cayos não há residências, sendo estes tomados pelos resorts – e é tomados messssmo, são muitos e estão construindo mais! Logo, se quiser ficar hospedado em um Cayo a opção terá que ser um resort, ou então ficar hospedado em uma cidade próxima e fazer day trip para lá – cogitamos nos hospedar em um resort, mesmo que por uma ou duas noites, mas quando começamos a ficar em casas de cubanos abortamos a ideia – resorts tem em todo lugar, né?

Apesar da quantidade de resorts, são muitas as praias fora destes, lindas e desertas, mas é importante ter indicação para saber onde as encontrar. Por indicação de cubanos optamos pela Playa Las Gaviotas, que fica no extremo da ilha, acessível por uma pequena trilha de 200m. Há um vigilante no início da trilha cobrando 1 CUC por pessoa para ter acesso a ela.

cayo-sta-maria-playa-las-gaviotas-estrutura-001cayo-santa-maria-playa-las-gaviotasAh…chegar ao mar depois de concluir a trilha foi maravilhoso! A praia estava praticamente deserta até onde a vista alcançava, e depois de um tempo ficou literalmente apenas para nós 3. O mar era rasinho por vários metros, um paraíso para crianças pequenas. Não há barracas, então é preciso levar água e algum lanche, mas há alguns pequenos abrigos de palha para guardar bagagens e se proteger do sol – embora duvide que alguém vá querer sair da água! Que delícia aquele mar, e o dia estava lindo. Foi um dia maravilhoso! Outra opção é o Delfinario Cayo Santa Maria, o maior de Cuba, com apresentações e nado com os golfinhos.

CAYO COCO

O dia que passamos em Cayo Coco foi inesquecível e sem dúvida um dos melhores da viagem. Apesar de ter amanhecido nublado e de termos chegado à Playa Pilar debaixo de chuva, em seguida o sol saiu e fez-se um dia lindo!

Não foi o nosso primeiro pedraplan, mas achamos o caminho de acesso ao Cayo Coco ainda mais bonito que o do Cayo Santa Maria, com o bônus de ter dezenas de flamingos!
cayo-coco-pedreplancayo-coco-flamingosEu que estava com a demanda reprimida por não ter visto de perto nenhum na Patagônia ano passado, adorei! A Playa Pilar, que escolhemos ir, na verdade fica em Cayo Guillermo, ligada a Cayo Coco por outro pedraplan, e foi recomendadíssima – e não nos decepcionou. Playa Pilar é absurdamente linda, apesar de ter sido a praia mais “cheia” que pegamos em toda a viagem – embora não tenha dúvidas de que estava mais tranquila que Varadero e as praias dos resorts. Além dos lindos tons do mar caribenho e da areia finíssima, tinha muitos peixes, e por vezes os cardumes nos rodeavam num tornado vivo.

cayo-guillermo-playa-pilarcayo-coco-playa-pilar-3A praia tem mais estrutura que a Playa Las Gaviotas do dia anterior, com uma barraca e disponibilidade de palhoças e cadeiras espreguiçadeiras, e o banho era delicioso, com o mar um pouco mais profundo que a praia anterior. Fizemos uma curta caminhada e subimos umas pedras para ter uma vista linda de toda a praia. Das praias foi sem dúvida a nossa favorita.

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CAMAGUEY

Nossa chegada a Camaguey foi um pouco desastrada, porque mudamos nosso trajeto para pegar uma estrada secundária e cortar caminho, mas um aguaceiro no meio da estrada nos fez voltar tudo até a estrada original. Minha dica é: procure sempre se informar sobre o estado das estradas e prefira sempre as autopistas e carreteiras centrais.

Apesar desse início, foi maravilhoso nosso tempo em Camaguey. A cidade, que também tem mais de 500 anos, é conhecida como a cidade dos labirintos, pois, para evitar ataques de piratas e bucaneros, foi transferida da costa para o centro da província e foi toda construída para confundir possíveis invasores. Ruas com bifurcações, pequenas praças, ruelas conectadas… um verdadeiro labirinto. Perder-se pelas ruas de Camaguey é mais que uma simples figura de linguagem. 🙂 Outra característica da cidade são os tinajones, enormes potes de barro onde no passado os moradores armazenavam comida e água. Virou o símbolo da cidade, e há várias miniaturas a venda nas feirinhas de artesanato.

O que mais gostei de Camaguey foi conhecer a Plaza del Carmen, que já tinha visto em fotos ainda no Brasil. A praça é uma gracinha, com a igreja Nuestra Señora del Carmen em um extremo, e uma coleção de estátuas em bronze em tamanho natural simulando situações corriqueiras, como um senhor lendo jornal, um casal namorando, e três simpáticas senhoras tomando café e fofocando. Uma das cidades que desejei ter mais tempo para explorar.

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BAYAMO
Nossa passagem por Bayamo foi relâmpago. Estávamos indo a Santiago de Cuba, saindo de Camaguey, e paramos por umas duas horas no fim de tarde para conhecê-la. Outra cidade com mais de 500 anos, e terra natal de Carlos Manuel de Céspedes, um dos heróis da independência cubana.

Tivemos que nos contentar em ficar apenas na zona histórica, que não permite o tráfego de carros. Infelizmente, pelo horário, não conseguimos visitar nem a Catedral de Nuestra Señora de la Asunción, nem o museu dedicado ao filho ilustre, pois estavam fechados.

Mas adoramos ver o movimento da praça principal, onde acontecia uma aula de ginástica e um sebo público! Aliás, pelo que entendemos, duas atividades muito comuns em toda a ilha, destacando duas prioridades para eles: atividade física e leitura.

SANTIAGO DE CUBA

Santiago é a segunda maior cidade de Cuba, e depois de 8 dias rodando por cidades bem pequenas e tranquilas, incomodou chegar lá. Apesar disso, éuma cidade com uma vida cultural muito intensa, o que a faz muito interessante.

Chegamos uma semana antes do carnaval da cidade, e no dia da abertura do Festival del Caribe, que acontece todos os anos lá, mas infelizmente não chegamos a tempo para assistir o desfile de abertura.

O centro histórico da cidade é mesmo a área de maior interesse turístico, e pode ser percorrido facilmente a pé. Fomos a vários museus pequenos, como o Museu do Carnaval (esse bem fraquinho, na verdade) e o Museu do Rum (com direito a degustação). Os que mais gostamos foram o Museu Diego Velászquez (primeiro governador da província – museu do período colonial) e o Museu de la Lucha Clandestina (sobre a revolução cubana) – infelizmente o Museu Emilio Barcardi estava fechado. Vimos muita salsa nas ruas e nos restaurantes (inclusive a famosa Casa de la Trova), assim como sebos de livros e vinis.

Mas o museu mais interessante é o que fica no Quartel de Moncada, hoje transformado em escola, e que foi o palco do famoso assalto ao quartel de Moncada, um importante marco da revolução cubana. A visita ao museu foi especial principalmente porque tivemos uma ótima guia, que nos deu uma aula maravilhosa sobre o desenrolar cronológico da revolução, da qual eu sabia muito pouco até a viagem.

Uma coisa legal que fizemos foi um tour de bicitáxi pela cidade. Nosso guia/ciclista foi ótimo, e nos mostrou várias coisas da cidade, nos levando inclusive aos bairros residenciais mais distantes da zona turística. Por fim nos levou a um lugar confiável para comprar charutos e a uma venda de cerveja a granel (ainda faltava uma semana para o carnaval, mas a cidade já estava no aquecimento).

Outro passeio interessante foi ao Castillo San Pedro del Morro, onde chegamos no final da tarde, quase perdendo o mini canhonaço – o canhonaço de Santiago é ainda mais simples que o de Havana, e não espere nenhum grande espetáculo, mas as crianças vibram com a expectativa e a explosão (tinham várias crianças lá).

stgo-de-cuba-canhoac%cc%a7ostgo-cuba-forteEmbora o canhonaço não seja grandes coisas, o Castillo é muito legal, e tem uma vista linda da baia de Santiago, com a Sierra Maestra ao longe. Nas dependências do castillo funciona uma feirinha e um café bem simpáticos, além de um museu sobre as piratarias do período colonial (que já estava fechado). Um passeio que pode ser feito junto com o Castillo (ambos ficam longe do centro da cidade e perto do aeroporto) é a visita a Punta Gorda, com o parque Frank País e a Marina Marlin. O parque fica em um morro, acessível até certo ponto por carro e depois por escadas, e também tem uma vista linda. Passeamos muito tranquilamente pelas ruas da Punta Gorda, desde um píer de atracadouro meio destruído até a Marina Marlin, onde funciona um restaurante e o último dos muitos parquinhos públicos que Leti curtiu na viagem.

BARACOA

Baracoa, na província de Guantanamo, era nosso destino final, embora tenhamos retornado a Santiago para devolver o carro e pegar o avião para Havana.

Cruzar La Farola (a sinuosa estrada que dá acesso a Baracoa vindo de Santiago de Cuba) já vale a viagem, paramos varias vezes nos mirantes para tirar fotos e apreciar as serras. Já mais próximo da cidade, a estrada passa por praias tão lindas que precisamos nos controlar para não parar a todo instante. A região, no extremo leste da ilha, é conhecida pelo alto índice pluviométrico e o grande número de montanhas e rios – interessante ficar próxima à região mais seca de Cuba, claramente perceptível durante a viagem pelo cinza da vegetação naquele verão escaldante, em meio ao mar verde de Guantánamo.

DCIM100GOPROGOPR1690.Baracoa é a cidade mais antiga de Cuba, e foi sua primeira capital. A casa que ficamos está muito bem localizada, a poucos passos do início do centro histórico exclusivo para pedestres e do Parque Independencia, onde ficam a igreja de Nuestra Señora de la Asunción de Baracoa – onde está exposta a Cruz de la Parra, única das 29 cruzes fincadas por Cristóvan Colombo na ilha ainda preservada e o busto Hatuey, que representa o primeiro nativo a se rebelar contra os colonizadores. No Parque Independencia passamos muitas e agradáveis horas, seja tomando mojitos nos restaurantes e aproveitando o excelente sinal de internet (!!!), apreciando a super linda e organizada feirinha de artesanato, ou simplesmente observando os jogadores de xadrez na praça.

Baracoa é assim: uma cidade para degustar com toda calma. Ainda no centro da cidade, destaco o lindo malecón (orla) e a fortaleza El Castillo, transformada em hotel mas aberta a visitação. A fortaleza está localizada no alto de um morro de onde se pode ver a cidade com o mar ao fundo, as montanhas, e o El Yunque, montanha em forma de bigorna e símbolo da cidade – garantia de boas fotos.

baracoa-el-yunqueA praia mais famosa de Baracoa é a Playa Maguana, onde seguimos logo no primeiro dia. A praia tem uma estrutura de barracas, mas nós, família antissocial, procuramos um canto mais isolado e nos acomodamos discretamente debaixo de algumas árvores. A praia é mesmo linda e tudo ia muito bem até sermos abordados por um barraqueiro oferecendo comida e bebida e um guia oferecendo seus passeios. Não queríamos ouvir a nenhum dos dois, mas eles foram insistentes e acabamos por dá-lhes ouvidos e nos arrependermos. Então aí vão as dicas: 1º. não coma nem beba NADA fora das casas credenciadas para hospedagem e alimentação ou dos restaurantes/ lanchonetes, a não ser que sejam devidamente embalados. 2º. não contrate guias antes de se informar bem sobre os passeios com os donos da casa onde você está. Em síntese, demos à Letícia um suco de manga que o suposto barraqueiro trouxe sei lá de onde e a menina acordou no dia seguinte com cólicas e vômitos; e fechamos com o guia um passeio para o dia seguinte que descobrimos depois não precisar de guia e que tivemos que pagar completo, embora Letícia não tenha conseguido concluí-lo. Uma droga, enfim. Mas o dia na praia foi ótimo.

O passeio do dia seguinte foi à Boca de Yumari, de barco pelos paredões do rio Yumari. Conseguimos aproveitar o caminho até a boca, com algumas paradas em praias lindas, mas o passeio de barco durou menos de 5 minutos e a nossa pequena implorou para que voltássemos à casa. Voltamos! E perdemos o resto do passeio de barco e a trilha até uma cachoeira. Ok. O tal guia queria nos convencer a acompanha-lo até um “médico de turistas”, mas eu preferi finalmente ouvir meus instintos e segui para casa. Lá conversei com a super querida anfitriã Yuli que me informou que se fosse preciso a levaríamos a um médico da família, que nos atenderia com o preenchimento de um formulário. Não foi preciso, dei um banho e pus minha pequena para dormir o quanto quisesse, e aproveitamos para dormir junto com ela. Ela acordou no meio da tarde totalmente restabelecida, e aproveitamos para fazer nosso passeio preguiçoso pela cidade, que foi maravilhoso.

baracoa-rio-yumariO dia seguinte era o nosso último em Baracoa, e resolvemos gastá-lo no Rancho Toa, navegando no rio Toa. Foi uma ótima pedida, e a filhota parecia nunca ter passado mal. O rancho é uma espécie de balneário, com um restaurante e uma pequena trilha com exemplares de várias árvores frutíferas locais. Fizemos o passeio de barco pelo rio que abusa do visual, além do banho ser delicioso, e a água tão transparente quanto o mar caribenho. Um passeio realmente maravilhoso. Depois foi voltar a Santiago de Cuba, devolver o carro, e voltar de avião a Havana pela Cubana de Aviacion (bilhetes comprados por telefone no escritório de São Paulo), e de lá ao Brasil, pela Avianca, com escala em Bogotá. Já estamos morrendo de saudades das nossas aventuras e alegrias na ilha de Cuba!

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Sut-Mie Guibert, Family Travel Blogger, Blogueira especializada em Viagens com crianças e em família. Francesa, formada em Comunicação e Mídias Digitais e mãe de duas meninas de 11 e 8 anos, ama levar as crianças para conhecer o mundo! E também adora falar sobre o assunto com outras famílias viajantes, sempre muito bem-vindas por aqui!

2 comentários para este artigo

  1. Lúcia disse:

    Olá Mirtes, excelente roteiro. É possível dirigir direto de Santa Maria até Cayo Coco pelos pedraplans ou é necessário voltar ao continente?
    Obrigada!

  2. Raquel disse:

    Obrigado por dividir tantas dicas, irei com meu filho de 3 anos e estou com uma dúvida, lá é obrigatório o uso de cadeirinha infantil sabe algo a respeito ?

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