Iberostar Grand Amazon: um cruzeiro pela Amazônia com crianças
Convidada Especial | Cinthia Marino, Casa Prosa Décor
Pôr do sol espelhado pelo Rio Negro! Vai virar painel na parede do meu quarto
Antes tarde do que nunca… Já estava devendo este post há um tempo, pois foi um passeio tão cheio de adjetivos que eu precisava dividir com o Viajando com Pimpolhos que tanto ajuda e inspira famílias por aí afora. ☺
Depois de um ano no Chile (ver o meu Blog Chile para Crianças), a gente voltou com sede de Brasil: por incrível que pareça, no país dos outros, a gente viaja como louco para conhecer tudo e não faz isto em casa… Estamos corrigindo este desvio desde então e a listinha só cresce!
Começo alertando que esse não foi aquele estilo de viagem aventura, de imersão na Amazônia ou vivência na floresta. Há muitas maneiras de se conhecer este destino surpreendente e esse certamente não é o mais impetuoso. Eu sou da turma que gosta de contemplar a natureza 😉 Achei a alternativa do cruzeiro mais atrativa do que um hotel de selva, por exemplo, pelo fato do hotel “mudar de lugar”, por isso optamos pelo Iberostar Grand Amazon.
Outro porém é que, por questões de segurança, só são permitidas crianças a partir de 8 anos de idade e não espere aquela recreação de resort: a programação é a mesma para todos. Avalie bem se cabe no perfil dos seus filhos, acho que é uma viagem mais adequada para crianças tranquilas…
Dito isto, se você preza contato com a natureza, porém com conforto, momentos relax e segurança, embarque nessa! O que posso dizer é que Sofia, meu marido e eu AMAMOS, ninguém queria ir embora do navio.
Resumindo, nossos dias eram assim: cedinho estávamos caminhando pela floresta ou nadando com botos e, logo depois, curtindo o deck do navio com uma leitura, caipirinha ou champanhe nas mãos, tendo o indescritível Rio Negro, cujas águas parecem um espelho, como pano de fundo. Mais tarde, outro passeio. Zero preocupação! Eles entregam a programação e você se inscreve naquelas que quiser ir. Todos os passeios tradicionais oferecidos em Manaus estão incluídos no cruzeiro.
=> São três opções de roteiros: 4 noites pelo Rio Negro (fizemos este), 3 noites pelo Rio Solimões ou 7 noites fazendo os dois rios. Sempre saindo do porto de Manaus. Confesso que a vontade foi ter ficado para fazer tudo!
Período da viagem e melhor época para ir
Bom, a gente foi quando deu, de 30/12/15 a 08/01/2016, mas sabia que era época de chuva, o chamado “inverno amazônico” e, de fato, quando ela vem, chega com tudo e fica o dia inteiro… Eles brincam que “tem época que chove todo dia e outra, que chove o dia inteiro”, melhor a primeira opção, pois passa rápido.
Segundo nosso maravilhoso guia no navio, o Jefferson (um amazonense de cultura incrível que falava até russo e chinês!), a melhor época para ir é junho, pois os rios estão cheios (o nível da água sobe em até 10m) e pode-se explorar melhor os lugares.
Antes do cruzeiro, ficamos uns dias no Hotel Tropical em Manaus para conhecer a cidade e passar o Reveillon. Nesta parte inicial da viagem, a chuva e os horários limitados de fim de ano atrapalharam um pouquinho, mas só deixaram a gente com vontade de voltar. Sério, a VIAGEM FOI INCRÍVEL!
O QUE GOSTAMOS MAIS
• Absolutamente tudo no navio!
Para começar, ele é pequeno: em nada lembra os enormes transatlânticos, éramos 92 passageiros. O Iberostar Grand Amazon foi construído para navegar pelos rios, tendo a base achatada para isto e, para quem tem medo ou enjoo, não balança nadinha. A piscina pequena favoreceu demais a integração das crianças. Nas refeições, rola aquela social de dividir mesas com outras pessoas, mas, mesmo para nós, mais tímidos, foi bem interessante, pois tem gente de todo canto do mundo.
Qualidade excepcional dos guias: todos são da região e sabem muito do que estão falando. Aprendemos demais com eles! Inclusive foram dadas algumas palestras bem interessantes. O atendimento de um modo geral foi muito simpático, sempre acompanhado de um sorriso!
Detalhes, detalhes! Cabine muito confortável, todas com varandinha. Trata-se de um sistema all inclusive com direito a bebidas, frigobar e até uma máquina de café na cabine. Tão bom ser mimado nas férias… Aqui tem um ponto: eu insisti para ficarmos nós três juntos, então, nos destinaram uma cabine um pouco maior (acho que há só duas assim, na outra, em frente à nossa, tinha um cadeirante, por exemplo), mas conheci a cabine conjugada recomendada para famílias e achei ótima, segura.
Ah, falando em mimos, cada um recebia uma garrafinha de água para beber durante o passeio de lancha e, na volta, a gente nem precisava se preocupar em limpar os tênis, eles jogavam uma água no deck…demais!
As refeições eram sistema de buffet, muito cômodo para crianças. O restaurante era um pouquinho mais formal: homens, por exemplo, deviam usar calças. O almoço também era servido no deck superior, mais leve com saladas, hambúrguer, omeletes e massas – ficamos sempre com esta alternativa, curtindo o visual!
O cuidado com os detalhes!
Visita à cabine de comando do navio
• Passeios durante o cruzeiro
Sempre no dia anterior, a gente se inscrevia para os passeios que queria fazer, apenas para que eles se programassem, pois tem lugar para todos 😉
Teve caminhada pela floresta com dicas de sobrevivência, mergulho com botos, pesca de piranha, focagem noturna de jacarés (traduzindo: procurar olhos brilhantes e vermelhos de jacaré com lanterna, ui!), visita a uma comunidade indígena e uma casa cabocla e o maravilhoso Museu do Seringal, simples, lindo e uma aula de história in loco (já deu pra ver que sou mais da cultura…). Eu não sabia que o museu estava no programa do navio e já tínhamos ido antes, mas foi tão legal que Sofia quis repetir!
A gente deixava o navio em lanchas, cada uma com seu guia.
Caminhada pela floresta sob um pouco de chuva: descobrindo que dá para beber água de árvore para sobreviver!
Visita à comunidade indígena Kambeba: treinando arco e flecha e detalhes da escola.
Minha curumim, pescadora de piranha, e o guia Jefferson com o jacaré – bichinhos devidamente devolvidos ao rio depois 😉
Os botos eram bem diferentes dos de pelúcia, olha a cara da Sofia…hahaha!
Museu do Seringal: visão de toda a produção da borracha e da vida sofrida do seringueiro. Detalhe: ela adorou “baré cola”!
Ponto do “barco ônibus” que nos levou ao museu
Pelo caminho: casas flutuantes, tapioca e muitas cores.
Show de dança típica na noite de encerramento. Tem esse lado bem turístico, mas gostamos de ver.
Grand finale: encontro das águas ao som de música clássica, vista privilegiada do alto do navio!
• Teatro Amazonas
Durante nossa estada em Manaus, conhecemos este IN-CRÍ-VEL teatro, construído nos áureos tempos do Ciclo da Borracha que trouxe riqueza e prosperidade à cidade, conhecida como “Paris dos Trópicos”. A visita guiada é imperdível por revelar os bastidores da vida cotidiana e, ainda melhor, deve ser assistir a um espetáculo depois (nós não conseguimos por conta da data) – em maio acontece o Festival de Ópera do Amazonas, e, em julho, o Festival Amazonas de Jazz. Em 2016, o Teatro completa 120 anos e tem uma programação intensa.
Depois do mergulho neste túnel do tempo histórico, sugiro dar uma volta no Largo de São Sebastião logo em frente, na companhia de um sorvete de cupuaçu ou tapioca da Glacial, para ver estas lindas casas coloridas com plaquinhas identificando seus moradores!
Pra fechar, a loja GALERIA AMAZÔNICA é cheia de itens de artesanatos originais produzidos por tribos indígenas, tudo com preços bem acessíveis. Não dá pra sair de lá sem nada… 😉
• Reveillon no Hotel Tropical
A festa foi ótima, bem organizada com um salão especial para as crianças, que tinha teatro, mágico e comidinhas – achei um bom custo-benefício, pois preços costumam ser proibitivos nestas datas. À meia-noite, teve queima de fogos na orla de Ponta Negra, que dava para ver da piscina do hotel. Foi lindo! Aliás, como o Tropical fica bem afastado de tudo, caminhar pela orla à noite e petiscar é uma boa alternativa para mudar de ares.
O QUE GOSTAMOS MENOS
• Hotel Tropical
Na verdade, quando se lê as críticas do hotel, você já sabe mais ou menos o que esperar: um lugar que já teve sua glória um dia e hoje está um pouco decadente…: apartamento com cheiro de mofo, mesmo na área nova, como todos aconselham. A piscina é uma delícia, mas com um cardápio bem reduzido e pouco original (podiam explorar a culinária local, por exemplo) e sempre faltava o básico para criança: batata frita! Toalhas na piscina nunca conseguimos…. O café da manhã no dia seguinte ao Reveillon foi uma bagunça: muitas pessoas da cidade se hospedaram só para o evento e as filas eram enormes – algo que poderia ser evitado com um mínimo de planejamento. Em caso de chuva como aconteceu conosco, a única opção era a sala de jogos (dominó e sinuca, that’s it!), depois de jogar muito, acabamos indo ao shopping próximo que oferecia serviço gratuito de van.
Tenho que fazer justiça à comida a ao atendimento no restaurante que eram ótimos, sempre tinha algum peixe local – fizemos esquema de meia pensão e foi bom pelo isolamento do hotel.
• Não ter conseguido ir ao MUSA, Museu da Amazônia
Como já falei, a chuva atrapalhou um pouco nossos planos e acabamos não indo para este museu a céu aberto, que reúne um pouco de tudo da flora e da fauna amazônicas. Porque é ilusão que você consiga ver tudo em um passeio normal, a natureza é imprevisível, o tucano não vai ficar lá te esperando… No MUSA, dá pra ver vitória-régia, serpentes, borboletas, tem observação de pássaros ao nascer ou pôr do sol. Na verdade, se soubesse que o Museu do Seringal estava no programa do navio, teria dado certo. Ficou pra próxima!
• Atendimento inicial da agência de turismo
Senti que nem todos estão preparados com as devidas informações para oferecer este tipo de viagem. Pelo que entendi, só é possível comprar o cruzeiro através de agências de turismo e meu primeiro contato com a CVC de Icaraí-Niterói-RJ, onde moro, foi péssimo! Estava sendo atendida por uma pessoa e, somente quando alertei sobre a questão da idade mínima (que antes era de dez anos e faltariam dois meses para que minha filha os completasse), ela foi checar sabe-se lá onde, disse que não seria possível e sugeriu que eu adiasse a viagem para a data do aniversário da Sofia… oi?!? Detalhe: a idade já tinha baixado para oito anos e ela não sabia. A cabine única para nós três, segundo ela, era impossível!
Somente quando pedi uma luz no nosso querido grupo de viagens, a própria Sut-Mie sugeriu que eu entrasse em contato direto com a Iberostar (como eu não pensei nisto antes?!?) e aí tudo fluiu… Fui direcionada por eles para a CVC da Gávea, no Rio, tratei tudo por e-mail com a Bete Japiassu, que salvou nossa viagem! Deixo o contato, pois ela foi ótima: betejapiassu@cvc.com.br
Algumas dicas antes de ir:
=> A Vacina contra febre amarela: não é obrigatória, mas nós tomamos. É oferecida gratuitamente em qualquer posto de saúde e fui informada que são raríssimos os efeitos colaterais, não tivemos nada.
=> O que levar: litros de repelente (não tivemos problemas no navio, só para caminhar na floresta, mas parece que tem muito inseto no Rio Solimões), protetor solar, capa de chuva (em qualquer época), camiseta de manga longa, calça, boné e tênis (proteção contra mosquitos ao caminhar pela floresta), mochila pequena. Vale levar uns joguinhos, adoro os de carta tipo Uno, rouba monte, tem até Detetive… fáceis de levar.
Pra finalizar, uma sugestão de leitura para os pequenos: DIÁRIO DE PILAR NA AMAZÔNIA da Flávia Lins e Silva (Editora Pequena Zahar), que passa por lendas, comidas típicas, hábitos em meio a muita aventura. Sofia foi lendo durante a viagem, então, enquanto o livro mencionava os ‘barcos gaiola’, aqueles com redes, estávamos no porto de Manaus vendo ao vivo!
Foi muito bom poder contar pra vocês e reviver estes momentos! Espero ter conseguido passar o encantamento que foi esta viagem para nós e inspirar novas experiências!
Obrigada Cinthia, por este excelente relato, como sempre! Veja o Blog da Cinthia, com muitas dicas do Chile para Crianças e o seu novo projeto de Consultoria de Decoração de Interiores, Casa Prosa Décor!
Outras viagens contadas pela Cinthia Marino:
– Ilha de Páscoa com crianças
– Deserto do Atacama
Leia também:
Amazônia com crianças
No Blog Viaje na Viagem: Um Cruzeiro na Selva
Informações e reserva no Iberostar Amazônia:
Zarpo (sempre com reduções)
Booking
Planeje sua Viagem
Publicado por » Sut-Mie Guibert
Sut-Mie Guibert, Family Travel Blogger, Blogueira especializada em Viagens com crianças e em família. Francesa, formada em Comunicação e Mídias Digitais e mãe de duas meninas de 11 e 8 anos, ama levar as crianças para conhecer o mundo! E também adora falar sobre o assunto com outras famílias viajantes, sempre muito bem-vindas por aqui!
Muito bom esse post. Meu filho ainda não tem idade para embarcar nesse cruzeiro, mas já estou pensando em embarcar só eu e meu marido.